domingo, 11 de julho de 2010

Não batas a minha porta

E a razão é sempre a mesma.
Sempre ouvi dizer que as grandes pessoas deste mundo foram e são constantemente, os maiores e mais dedicados corações da humanidade.
Sempre ouvi dizer que “quem faz o bem será recompensado” ou “quem dá o que tem a mais não é obrigado” . Contudo, dia após dia eu contesto a veracidade dessas afirmações. Não sou com certeza o mais puro e mais inocente coração do mundo mas sou e tenho sido sem duvida, uma eterna lutadora por tudo que sinto e por aqueles por quem o sinto. O meu coração deu lugar ao mais variado tipo de pessoas. Algumas pessoas, sei que dificilmente perderão o seu lugar, outras pessoas, de certa forma não merecem lugar em coração algum.
Quando abrimos a porta de nossa casa podemos perguntar quem é e se não nos agradar podemos simplesmente bater a porta na cara dessa pessoa. Porque é que com o coração não é assim? Os que não encontram a porta, de alguma forma encontram sempre uma janela ou uma rachadela na parede e quando damos conta já lá estão de malas arrumadas.
O mal disto tudo é que na hora em que a visita acaba, deixam sempre alguma coisa para trás que nos faz pensar que a visita vai voltar, afinal, ela gostava tanto daquele cachecol, há de cá vir busca-lo. Nem sempre é assim. Quase nunca é assim. Talvez fora desta metáfora, metêssemos o cachecol numa saca e entregássemos à pessoa, mas quando a casa de que falamos é o coração, por mais vezes que o cachecol seja posto dentro de um saco e decisão de entregar seja tomada, o cachecol fica sempre pendurado no bengaleiro atrás da porta. E quando vamos para abrir a porta a mais uma pessoa, vemos o cachecol, pendurado, esquecido atrás da porta. E até aqueles que entraram sem malas, deixaram no chão as marcas dos sapatos.
Eu estou cansada de olhar para trás da minha porta e ver lá o cachecol, o pijama, o prato colorido, a toalha de praia e os restantes objectos que ao longo dos tempos as pessoas foram deixando ficar. E eu vejo, vejo, e vejo e já nada do que lá está pendurado me surpreende! E burra? Ora bem, burra pelos vistos sou eu que continuo a achar que vai surpreender. Que algum dia a campainha vai tocar, não para acumular objectos no meu bengaleiro mas para que eu me possa livrar de alguns que até hoje lá permanecem…
Alguém que me livre deste coração mole e desta ingenuidade POR FAVOR?